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"Preto", da Cia. Brasileira de Teatro, segue em cartaz no CCBB/RJ até 11 de março


As diferentes possibilidades de encontros e diálogos (além da percepção que cada um tem de si mesmo e do outro) são o mote do espetáculo “Preto”, que faz uso da linguagem verbal e da performance corporal para transmitir sua mensagem. Dirigida por Marcio Abreu, a peça mergulha na investigação e na reflexão em torno das diferenças. A dramaturgia é assinada por Marcio em parceria com Grace Passô e Nadja Naira (que também estão no elenco). A montagem se articula a partir da fala pública de uma mulher negra, uma espécie de conferência sobre questões que incluem racismo, a realidade do negro e da negra no Brasil hoje, o afeto e o diálogo, a maneira como lidamos com as diferenças e como cada um se vê numa sociedade marcada pela desigualdade. A cor da pele e as experiências de cada um dos atores importa e influencia na construção do espetáculo.

Com textos fortes e uma interpretação potente, em especial de Grace, "Preto" nos leva para o lugar da importante reflexão do nosso papel na sociedade e da necessidade vital de representatividade em diversas áreas. A peça é composta por uma séria de tentativas de diálogos encenadas por Cássia Damasceno, Felipe Soares, Grace Passô, Nadja Naira, Renata Sorrah (em sua terceira peça com a companhia) e Rodrigo Bolzan. O músico Felipe Storino executa a trilha sonora ao vivo (e ele arrasa MUITO! É essencial pra dar ao espetáculo o clima desejado).

"Preto" não é uma peça fácil. Faz muito uso de uma série de jogos de cena que não são de compreensão instantânea. Eu mesma saí de lá pensando um tanto sobre o que tinha visto e o que tudo aquilo poderia significar. E, por vezes, não cheguei a conclusão alguma. Isso me fez refletir sobre a efetividade na transmissão da mensagem. Será que ela chegou mesmo ao espectador em todos os momentos ou muitos ficaram perdidos assim como eu? Porém, um adendo é importante: sei da minha dificuldade com performances contemporâneas e o quanto este tipo de arte ainda é pouco presente (e compreendido) no Brasil. Leve em consideração que toda esta análise é fruto de uma mente com esse tipo de carência.

Mas, talvez, toda essa incompreensão tenha um significado potente naquele enredo: mostrar exatamente como tem se dado o diálogo (ou o não-diálogo) nos dias atuais, mesmo (e talvez exatamente por isso) com tantos facilitadores para a comunicação. Todas as palavras e performances do espetáculo buscam as diversas formas de encontros e desencontros.

"Preto" é fruto de um projeto iniciado em 2013, quando a Cia. Brasileira de Teatro viajou pelo país durante cerca de um ano para estudar temas atuais e elaborar uma peça que respondesse artisticamente à situação do Brasil. As pesquisas na verdade resultaram em outro espetáculo —"Projeto Brasil"—, mas geraram discussões sobre o racismo e a recusa em assumi-lo, levando a esta nova produção.

 

Pra pesquisar: Entre as referências básicas que alimentaram o processo de criação estão a obra de Joaquim Nabuco, intelectual e político abolicionista brasileiro que viveu no século XIX entre o Brasil e a Europa; o livro contemporâneo "A Crítica da Razão Negra", do professor e cientista político camaronês Achille Mbembe, os escritos de Frantz Fanon, a literatura de Ana Maria Gonçalves e a da poeta e professora Leda Maria Martins.

 

PRETO

Temporada: até 11 de março de 2018

Dias e horários: De quarta a domingo, às 19h30. Local: Teatro 3 | CCBB Rio (Rua Primeiro de Março, 66 – Centro)

Informações: (21) 3808-2020 Capacidade: 72 lugares Recomendação etária: 14 anos Duração: 90 minutos Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

Fotos: Nana Moraes

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Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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