"Exodus - De onde eu vim não existe mais" e o drama dos refugiados
Basta ligar a TV, abrir a internet ou algum jornal para perceber a intolerância sempre presente. Estamos cada vez menos capazes de ouvir o próximo e entender sua história. Em meio a guerras e desentendimentos, a intolerância contra refugiados vem ganhando muita força. E não é só em países desenvolvidos e ricos não. Quem não se lembra do caso do refugiado sírio que foi agredido verbalmente de uma maneira absurda em Copacabana (como se nosso país fosse um paraíso pleno e o sírio da esfirra tivesse trazido todo o mal, né?).
Em meio a tudo isso, um documentário como "Exodus - De onde eu vim não existe mais" nos coloca cara a cara com quem vive o terror da guerra diariamente (muitas delas com cunho religioso) e encontra a fuga para outro país como a única saída para se manter vivo. O que eles pedem é muito pouco: viver com dignidade. Mas, quando enfim conseguem chegar em algum lugar mais "seguro" que suas nações de origem, eles se deparam com uma burocracia tamanha que suga um grande tempo de suas vidas. E como é dolorido perceber que os campos de refugiados na Alemanha, por exemplo, diferem pouco de campos de concentração nazistas, com a lentidão do sistema submetendo a uma verdadeira prisão, mesmo sem nenhum crime cometido.
A gente percebe ainda a diferença de tratamento entre os países (apesar do caso de Copacabana, o Brasil ainda é um país muito aberto a novos moradores e traz uma boa esperança de vida). Mas não é assim em todo lugar; o preconceito existe em cada esquina e dificulta a conquista de um novo emprego, a recuperação da auto-estima e tudo que uma pessoa precisa para uma vida plena e de qualidade.
Mas é lindo ver como a esperança está sempre presente. As pessoas retratadas em "Exodus" (e que representam milhares em situação parecida) saíram de lugares destruídos - ou em processo de destruição-, os "lugares que não existem mais", em busca de uma nova chance. E eles correm atrás delas com uma força que poucas vezes vi. Mesmo que por vezes precisem ficar longe das pessoas que mais amam. A busca de uma vida melhor também é em prol dos que ficaram; querem dar a eles uma esperança de fuga.
Não procure em "Exodus" profundidade histórica e/ou geopolítica. O longa segue por um viés humanista; ele mostra pessoas, sentimentos, sonhos...
O doc, que chegou aos cinemas nesta quinta-feira (28), tem roteiro direção de Hank Levine, narração de Wagner Moura e produção de Fernando Sapelli e Fernando Meirelles. As filmagens passaram por diversos países como Sudão do Sul, Argélia, Congo, Mianmar, Cuba, Brasil e Alemanha e duraram cerca de dois anos.