"Gabriel e a Montanha" e os últimos dias do jovem economista Gabriel Buchmann
Em cartaz no Festival do Rio (o filme está competindo na mostra Première Brasil: Hors Concours longa ficção), "Gabriel e a Montanha" estreia oficialmente nas salas de todo o Brasil no dia dois de novembro. O longa traz a história (real) de Gabriel Buchmann (João Pedro Zappa), um jovem economista com um grande sonho: conhecer a África. Mas visitar os pontos turísticos não bastava: ele queria conhecer como era o real estilo de vida do africano, sem se passar por turista. Assim, decide encerrar sua viagem ao mundo exatamente no continente, conhecendo vários habitantes locais. Ele também recebe a visita da namorada, Cristina (Carolina Abras), que mora no Brasil. A poucos dias do retorno, Gabriel corre atrás de seu maior objetivo: alcançar o topo do monte Mulanje, no Malawi.
O rapaz vem de família rica e estudou em uma das melhores universidades privadas do país, a PUC-Rio. A viagem ao redor do mundo nos parece uma necessidade de Gabriel de sair da redoma do conforto em que sempre viveu para conhecer o mundo real. O jovem é cheio de boas intenções e realmente aberto a muitas possibilidades, mas nós logo percebemos como ele vem de um mundo muito distante daquele em que está agora. E a gente vê muitos conhecidos ali tantas vezes, em diversos pensamentos - ou críticas - de Gabriel. Às vezes, até nós mesmos... O que nós sabemos do mundo? O que fazemos pra efetivamente mudar essa imensidão de terra e mar?
O economista carioca foi encontrado morto no Monte Mulanje, no Malawi, aos 28 anos (e isso não é spoiler. Além de ter sido assunto em todos os jornais em 2009, é a cena de abertura do filme). O objetivo do filme é contar como foi o processo até a chegada deste dia fatídico, os 70 dias que o levaram até aquela montanha. Tudo baseado em e-mails e mensagens enviadas, na memória de pessoas que cruzaram seu caminho ao longo daqueles meses, fotografias.
Zappa faz com que a gente se divirta com Gabriel e seu jeitão. E queira dar umas belas sacudidas no rapaz e mostrar umas verdades da vida real. É como tantos que conhecemos, cheios de boas intenções, mas mergulhados em clichês, conservadorismos e a certeza do dinheiro certo na conta.
O filme é recheado de detalhes e faz com que efetivamente mergulhemos na história, mas isso deixa "Gabriel e a Montanha" exagerado na duração (2h11).
O longa de Felipe Barbosa vale a pena pelas imagens, pela história e para que nós consigamos nos ver e ver a nossos amigos ali na tela. A reflexão... Sempre ela!