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"O Justiceiro": com muito sangue e conspirações, série expõe os traumas causados pela guer


Quem me conhece ou me acompanha há mais tempo sabe que não sou daquelas fissuradas em super-heróis e, principalmente, não entendo muito do universo das HQs. Sendo assim, eu deveria é ter vergonha na cara e não vir aqui escrever algo sobre "O Justiceiro", série da Netflix e da Marvel, baseada nas HQs dos personagens, certo? Mas fui atraída pelo enredo por motivos que explico melhor mais abaixo. Aqui, Frank Castle (Joe Bernthal) é um veterano de guerra que se dedica a punir malfeitores, alimentado pelo ódio que surge quando sua família é assassinada no que parece ser uma retaliação.

Diferentemente dos últimos lançamentos da Marvel e da DC que vemos nos cinemas (no universo dos super-heróis) em "O Justiceiro" não há espaço pra humor. Aqui quem tem vez são os questionamentos sobre a guerra e principalmente, é claro, sangue, muito sangue. Aliás, eu resisto bem a cenas sanguinolentas, mas aqui eu tive que fechar o olho por algumas vezes. A partir do décimo episódio então, o bicho pega!

Mas o que mais me atraiu na série foi a discussão que há sobre as feridas psicológicas causadas pela guerra - seja com as reuniões de Curtis com ex-combatentes, para contarem tudo que viveram, ou com Lewis Wilson, ex-fuzileiro que não consegue se ver livre da pressão sofrida enquanto estava em combate. É triste ver o quanto, por tantas vezes, soldados se transformam em marionetes de poderosos, compram suas ideias de defesa da nação e, no fim das contas, se transformam também em vítimas dos próprios atos que cometeram. Suas cabeças jamais esquecem o que foi vivido. Já os ditos poderosos apenas acompanham tudo de seus escritórios, de telas de computador, mandando e desmandando. Sabem tudo na teoria, mas não conhecem a realidade prática de uma guerra, de um combate. Não guardam suas cicatrizes.

Frank Castle

"O Justiceiro" tem como protagonista um anti-herói (sendo que, nos quadrinhos, começou como vilão, há 43 anos). É um cara que não tem atitudes louváveis e tem como objetivo de vida a perigosa ideia da justiça com as próprias mãos, já que não acredita no sistema falho, pelo qual também é perseguido (ele já esteve lá dentro e agora sabe como as coisas funcionam). Não é um exemplo a ser copiado sob praticamente nenhum aspecto, mas não podemos negar que torcemos por ele do início ao fim. Aquela coisa de querer mesmo ver o vilãozão se dando mal, né? Mas nunca, jamais, tente fazer o que Frank Castle faz. Até porque você morreria em dois segundos.

A série traz uma discussão sobre o controle de armamento e o porte de armas de fogo por cidadãos comuns. O painel de "O Justiceiro" chegou a ser retirado de um evento voltado para a cultura pop, que ocorreu muito próximo aos atentados em Las Vegas. A série ainda teve sua estreia adiada pelo mesmo motivo e até correu o risco de ser cancelada.

Como eu disse: Frank não é pra ser visto como herói, porque ele não o é. Frank Castle é um ótimo personagem de entretenimento (e o Joe Bernthal é bem gato!), mas não pode - nem deve - existir na vida real.


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Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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