Documentário traz grande nome na luta pelas mulheres nas últimas décadas: "Gloria Allred: Justi
Ser mulher não é uma tarefa fácil. Em pleno 2018, ainda precisamos lidar com homens (e infelizmente também um tanto de outras mulheres) querendo controlar nossas roupas, nossos relacionamentos, nossos corpos, nossos empregos, nossas vidas. Agora imagine como era confrontar todos os tipos de situações de machismo e misoginia nos anos 1960 ou 1970! Quem optava por esta luta era certamente minoria e tachado de louco (ou contra os desígnios de Deus, segundo algumas pessoas).
Em "Gloria Allred - Justiça para Todas", conhecemos a advogada americana feminista que foi uma das pioneiras na defesa dos direitos das mulheres e precisou enfrentar todo tipo de conservadorismo desde muito jovem. Ela sempre soube da necessidade do seu trabalho e da importância de dar voz àquelas que não sabiam como resolver sua situação. A própria Gloria já foi vítima de abuso sexual e estupro, levando-a a ter mais certeza de que, nesta luta, não há espaço para o descanso. O drama que pautou sua vida foi um estupro, sofrido aos 25 anos, quando estava de férias no México. Ela ficou grávida e fez um abordo clandestino, ameaçando sua vida. Gloria conta que uma enfermeira então lhe disse: “Isso vai lhe dar uma lição”.
A advogada já esteve à frente de casos como as denúncias de assédio contra o comediante Bill Cosby a até o presidente Donald Trump. Gloria sempre teve atenção aos detalhes e entra na justiça por cada situação que entende como erradas e desiguais, como um caso ocorrido há algumas décadas em que um restaurante tinha dois cardápios: aquele para os homens (com os preços ao lado dos itens) e outro para as mulheres (sem os preços. Afinal de contas mulher não paga a conta, não é mesmo?). Pelo que vemos no documentário, Gloria percebia bem como a dominação se dá até em momentos aparentemente inocentes ou lisonjeiros.
E a gente tem vontade de vomitar várias vezes ao longo das 1h30 de documentário enquanto assiste às reações de homens e mulheres nos muitos debates em rede nacional. Desde declarações como "é claro que estas mulheres estão mentindo e não foram abusadas. Por que não falaram nada quando tudo aconteceu?" até algumas que dizem "é normal nós fazermos sexo por um emprego. Como você acha que consegui um emprego neste programa de TV?" ou mesmo "sexo fora do casamento não é o modo de vida aceito!". É compreensível que Gloria tenha se tornado agressiva e tenha aprendido logo cedo que, mais importante do que se defender e fazer o mesmo por suas clientes, é necessário que tudo seja relatado pela mídia, para que o debate possa existir em larga escala e gere resultados eficientes.
Conhecer a história de Gloria ajuda a não esmorecer nas pequenas batalhas do dia a dia. Ela parece ser incansável. Aos 76 anos, a advogada já está há mais de 40 na árdua luta pelos direitos das mulheres. E não pretende parar tão cedo.