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“Soldados do Araguaia” e a emocionante e revoltante história dos militares de baixa-patente na Guerr


pôster Soldados do Araguaia

Quando foi criada uma organização para ouvir os relatos de pessoas que sofreram torturas durante o período da ditadura militar, os psicólogos responsáveis não sabiam o que estava por vir. Militares também se inscreveram para relatar suas experiências. E assim soubemos que muitos deles também sofreram diversas torturas no período. É o que vemos em “Soldados do Araguaia”, de Belisario Franca.

Em fins dos idos anos 1960, quando, a ditadura entrava em seu período mais rígido e sombrio, foi deflagrada a Guerra do Araguaia e uma busca incessante e desleal aos comunistas que se escondiam pelo norte do país. Para lutar contra estes “terríveis” comunistas, o Exército Brasileiro convocou jovens locais da região do Pará para irem ao combate. Naquela época e para aquela população pobre e esquecida, ser do Exército era motivo de orgulho. Mas eles não imaginavam que seriam talvez os piores meses de suas vidas.

Em “Soldados do Araguaia” assistimos, junto com imagens de arquivo e algumas pequenas reconstruções, a depoimentos de militares de baixa patente, como soldados e cabos. Homens despreparados para uma guerrilha, mas que conheciam a fundo a região onde moravam e por isso eram úteis ao Exército. Hoje, já senhores, conseguem se abrir e relatar os absurdos sofridos, sem esquecer cada momento de tortura que passaram.

Nos depoimentos, os próprios ex-militares dizem que não se orgulham do que fizeram. E contam ainda como eram os treinamentos, em geral que os faziam chegar no limite humano físico e emocional. São relatadas torturas similares às que conhecemos como sofridas pelas pessoas com ideais contrários ao da ditadura.

Os depoimentos são revoltantes e emocionantes. É difícil imaginar o sofrimento e dor que estes homens, ainda tão jovens tiveram que passar. E revoltante por imaginar que muitos dos homens que cometeram estas e outras grandes atrocidades nunca foram sequer presos e são até mesmo exaltados por alguns até hoje.

“Soldados do Araguaia” tem pesquisa de Ismael Machado e é mais uma obra interessantíssima de Belisário Franca. É o segundo filme da chamada “trilogia do silenciamento”, que começa com “Menino 23”, que conta a história de crianças que foram levadas de um orfanato para trabalhar como escravas em uma fazenda de um simpatizante do nazismo no interior de São Paulo, nos anos 1930. A sensibilidade do diretor em retomar temas quase que desconhecidos, mas muito importantes da nossa história, é tocante.

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Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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