top of page

"Infiltrado na Klan" e a excelência de Spike Lee em uma história real


A Ku Klux Klan nasceu em 1866 no Tenessee (EUA) e é reconhecidamente um grupo de pessoas que se reúne sob a bandeira da segregação racial e da crença na superioridade do “homem branco”. Sim, segundo este raciocínio, o homem branco é infinitamente mais merecedor do mundo do que negros ou judeus, por exemplo. E tudo é feito usando o pano de fundo (como tantas outras atrocidades) da vontade de Deus e dos escritos da Bíblia. Entre altos e baixos, a KKK ainda existe e seus preceitos ganham força em momentos de nacionalismo exacerbado e da "necessidade de proteção contra ameaças exteriores".

"Infiltrado na Klan", novo filme de Spike Lee, traz a história real de Ron Stallworth (John David Washington), um policial negro do Colorado que, em 1978, conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan local. Ele se comunicava com os outros membros do grupo através de telefonemas e cartas e, quando precisava estar fisicamente presente, enviava um outro policial branco no seu lugar. Depois de meses de investigação, Ron se tornou o líder da seita, sendo responsável por sabotar uma série de linchamentos e outros crimes de ódio orquestrados pelos racistas.

O longa faz o que pode parecer inimaginável, que é nos permitir rir mesmo diante das atrocidades e discursos de ódio que vemos na tela. A história é absurda, porém incrivelmente real. A mistura de riso e drama por vezes é composta de diálogos arrastados e situações minuciosas demais. Mas a primeira metade, mais cômica sem deixar a reflexão de lado, é necessária para que entremos na segunda hora de filme conhecendo bem o enredo e dentro da história o suficiente para sentirmos o que os personagens sentem nos momentos mais tensos.

São incríveis os diálogos por telefone entre Ron (o verdadeiro) e o líder da KKK, com o jovem negro usando os discursos dos supremacistas brancos: sem ver a cor da pele, ele é tratado como um igual, o que só mostra a falta de fundamento do discurso racista. A sacana genial, porém, fica por conta das imagens de arquivo e a triste constatação de que o grupo racista da supremacia branca segue existindo em 2018, ganhando força com discursos segregadores como os de Donald Trump e Jair Messias Bolsonaro (recentemente, David Duke, líder da KKK retratado no filme, afirmou sobre o presidente eleito do Brasil: "Ele soa como nós")


Para wix.jpg

Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

  • Facebook
  • Twitter
  • YouTube
  • Pinterest
  • Instagram
bottom of page