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“Se Não Eu, Quem Vai Fazer Você Feliz?: Minha História De Amor Com Chorão”, de Graziela Gonçalves


Capa "Se Não Eu, Quem Vai Fazer Você Feliz?"

Sou fã do Charlie Brown Jr. há muitos anos e passei toda a minha adolescência embalada por suas músicas. A morte do Chorão, vocalista da banda, em 2013, foi muito tocante para mim e me entristeceu muito por um tempo. Lembro perfeitamente de que, quando isso aconteceu, sua esposa, Graziela Gonçalves, foi muito criticada por tê-lo abandonado e largado à própria sorte com as drogas. Em “Se Não Eu, Quem Vai Fazer Você Feliz: Minha História De Amor Com Chorão”, lançado em 2018 pelo selo Paralelo, da Companhia das Letras, Graziela finalmente dá a sua versão da história e conta tudinho em detalhes.

Graziela começa contando sobre sua vida e personalidade para então chegar no encontro com Chorão e a história que se desenrolou a partir daí. Além do relacionamento, ficamos sabendo fatos mais específicos sobre a banda, como a origem do nome, origem de algumas músicas, a influência do Planet Hemp, como foi a evolução do som deles etc. É um verdadeiro presente para os fãs.

Há muitas situações tragicômicas, em que boas notícias eram embaladas com perrengues, mas que, com uma parceria invejável, Graziela e Chorão lidavam com muito amor. Por se tratar de uma pessoa que ela amava e que já morreu, Grazi dá uma certa amenizada no temperamento de Chorão. Ela comenta todas as brigas que ele teve com ela e, principalmente com a banda, mas lembra também como, depois das explosões, quando a temperatura baixava, ele pedia desculpas. Ela diz que ele tinha essa casca de brigão justamente para esconder seu temperamento tão sensível por dentro.

Algumas outras características pesadas da personalidade do Chorão influenciava muito mal no relacionamento dos dois. Ele foi muito machista, ciumento e possessivo. Temos que lembrar ainda que se trata de anos atrás, em que a discussão feminista era menos falada do que é hoje. Seria injusto criticá-los à luz dos dias de hoje. De qualquer forma, Grazon (apelido dado por Chorão) nunca abaixou a cabeça para os desmandos dele e se impôs todo o tempo na relação, trabalhando com o Charlie Brown Jr., mas respeitando sua própria individualidade e carreira de estilista. Não se trata de uma biografia do Chorão, por isso, ela praticamente ignora a vida dele antes dela e quase não se fala do filho que ele teve de um relacionamento anterior, por exemplo.

O final do livro, nos últimos anos da vida dele, é emocionante. Muito triste ler como um homem se destruiu, como ela tentou ajudar e como tudo isso afetou também a saúde dela própria. Depois da morte, não entra mais muito em detalhes sobre o Chorão, até porque acredito que isso também está muito bem documentado pela mídia. Grazon fala mais de como se sentiu, como a morte de seu amor e toda a repercussão que isso teve afetou a própria vida e saúde.

Graziela não é uma escritora, então algumas pequenas coisinhas ao longo do livro pareceram forçadas. É evidente que a história dos dois é impressionante e muito bonita, mas algumas frases que parecem propositalmente encaixadas para parecer mais intenso e romântico. De qualquer forma, com certeza, “Se Não Eu, Quem Vai Fazer Você Feliz?: Minha História De Amor Com Chorão” renderia um bom roteiro de cinema, porque se trata de uma bela e triste história de amor, além de ter boas viradas e se tratar de um “herói”, que saiu da origem humilde para se tornar um ídolo nacional e depois ainda entrar em uma guerra com as drogas. Além de se tratar de um cara que está nas nossas vidas até hoje. Com certeza a experiência para os fãs da banda é única, mas o livro é interessante para qualquer leitor.

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Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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