Série do Globoplay “A Divisão” expõe a promiscuidade da polícia carioca
Em 1997, o Rio de Janeiro passava por uma onda de sequestros: eram 11 por mês, o que deixava a população amedrontada. Esse é o enredo da nova aposta do canal de streaming Globoplay, a série “A Divisão”, que estreou no último dia 19 de julho e é inspirada nestas histórias reais.
Logo no início há um destaque para uma entrevista do então chefe da polícia denunciando que quando a polícia sobe o morro e mata “suspeito” ninguém se importa, mas como são filhos de pessoas ricas e importantes que estão sendo sequestradas, há toda essa mobilização da opinião pública. E que a violência no Rio só iria diminuir quando a corrupção dentro das polícias diminuísse.
Este mesmo delegado, descobrindo o caso de um grupo corrompido, (porém eficiente) dentro da polícia buscou dar uma chance para que eles entrassem na Divisão Antissequestro, uma força-tarefa policial criada neste período para agir nestes casos. Eles se tornaram então negociadores importantes dentro da polícia.
Há um grande conflito de interesses, porque um importante policial é também dono de uma empresa de equipamentos de segurança, então, precisa do medo para manter seu negócio. Sendo assim, não seria interessante para ele que os casos de sequestro diminuíssem e é nesse sentido que ele age. Há ainda outras tramas de esquemas e envolvimentos escusos, como deste mesmo policial, representado por Marcos Palmeira, com Venâncio, um importante candidato a governador e pai de uma menina sequestrada. Além disso, as relações íntimas com juízes e desembargadores que vendem sentenças e se aliam a bandidos são exploradas.
Trata-se de uma série curta, com apenas cinco episódios, focada em apenas um caso: o da jovem Camila, de 16 anos, filha de Venâncio. A primeira temporada de “A Divisão” busca começar a mostrar estas relações promíscuas entre polícia, bandidos, políticos, justiça… Tudo entrelaçado. Entretanto, esta primeira etapa da história ainda é mais sangrenta, com muita ação e tiroteio. Mas, a partir do fim, em que vemos alguns pontos sem nós e casos sem solução, deduz-se que haverá uma continuação.
Há cenas muito fortes de mortes horríveis e tentativas de estupro, que realmente chocam. Quanto ao elenco, é importante destacar a tensão que Silvio Guindane consegue passar com clareza no papel de policial honesto e dedicado (ainda que use de métodos escusos para alcançar os objetivos). Há ainda Erom Cordeiro, Natalia Lage, Dalton Vigh e outros.
A produção é de José Júnior, em uma aposta do Afroreggae Audiovisual junto com o Multishow. A direção geral é de Vicente Amorim. Os cinco episódios já estão disponíveis no Globoplay.