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"Quem Você Pensa Que Sou?" e as problemáticas do romance virtual


Se tem uma parte complicada nesta vida de escrever sobre filmes é quando o que a gente assiste tem tantas reviravoltas importantes que tudo que dissermos vira spoiler. Mas vamos tentar: “Quem Você Pensa Que Sou” traz a história da recém-divorciada Claire Millaud (Juliette Binoche), uma mulher de 50 anos que se vê novamente solteira, depois de tantos anos em um relacionamento. A atitude que toma, porém, não é lá muito ética: ela decide criar um perfil falso no Facebook e passa a ser Clara, uma jovem de 24 anos. Por lá, começa a conversar com Alex (François Civil), amigo de seu ex-marido e… se apaixonam. Quer dizer, Alex se apaixona por Clara, com quem ele imagina estar conversando. Como Claire, a verdadeira dona do perfil (e que também se vê bem envolvida) vai lidar com esse relacionamento que já começou com uma mentira? Será que se Alex conhecesse logo de cara a verdadeira Claire, ele também se apaixonaria?

A partir de conversar online e emoções bem reais, o filme nos leva para questionamentos que vão desde a virtualidade dos relacionamentos até a solidão da mulher de meia idade, num mundo que exige juventude eterna (e olha que estamos falando de Juliette Binoche, uma mulher absolutamente dentro dos padrões de beleza). A atriz, aliás, contou que participar do filme fez com que ingressasse num universo com que ela não estava acostumada: “eu não estava muito familiarizada com o Facebook e suas possibilidades. A estrutura do roteiro me permitiu entrar gradualmente no estado emocional e psicológico do meu personagem ao embarcar nesta aventura”, explica. E o diretor do longa, Safy Nebbou, passou por uma experiência parecida com a do filme: "Eu também fui enganado por uma mulher nas redes sociais! E isso aconteceu comigo enquanto eu estava escrevendo o roteiro do filme. Não é incrível isso?” (!!!)

Um ponto diferencial de “Quem Você Pensa Que Eu Sou” é o fato de que ele não é contado do ponto de vista da vítima. Quer dizer, não a vítima do golpe cibernético, porque é claro que podemos entender Claire como vítima de uma sociedade patriarcal que valoriza a mulher apenas em sua juventude e leva em consideração majoritariamente o seu perfil estético. Os efeitos psicológicos disso são os mais variados. E duradouros.

O longa é uma adaptação do romance homônimo de Camille Laurens.

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Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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