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Solidão e melancolia em "Greta", com Marco Nanini


A solidão de um homem gay solteiro na terceira idade. É o que acompanhamos em "Greta", que conta a história de Pedro (Marco Nanini), um enfermeiro de 70 anos que trabalha em um hospital público de Fortaleza. Sua melhor (e única) amiga é Daniela (Denise Weinberg), artista transexual que enfrenta graves problemas de saúde. Quando ela precisa ser internada, mas não encontra leito disponível, Pedro sequestra um paciente recém-chegado, Jean (Démick Lopes), e o abriga em sua casa. O cara assassinou um homem a facadas e era procurado pela polícia, mas logo o medo que Pedro tem de Jean se transforma em uma relação de cumplicidade, afeto e sexo.

A sutileza do filme está na forma como retrata a solidão vivida por tantos na terceira idade, um momento da vida em que nosso corpo já não é mais o tão desejado da juventude, levando a uma mistura de desejo e insegurança em constante disputa (além da perda frequente de amigos, levados pela morte). O nome do longa dá por conta do fetiche de Pedro que, no momento do sexo, quer ser chamado de "Greta Garbo", a diva do cinema do início do século XX.

A solidão e a carência dos personagens leva a frequentes cenas de sexo explícito, mas sem amor. É o sexo por necessidade, para aplacar sentimentos melancólicos escondidos a sete chaves. Aqui, diversos personagens marginalizados, esquecidos e sozinhos se encontram, dividindo suas angústias da maneira que conseguem.

"Greta" é inspirado na peça cômica "Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá", escrita nos anos 70, mas atualiza a forma como se retrata a homossexualidade em cena, diante das mudanças na sociedade. O longa foi o grande vencedor do Cine Ceará 2019.

Fotos: Aline Belfort

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Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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