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“Morrer de Prazer: crônicas da vida por um fio”, de Ruy Castro


Os livros de Ruy Castro sempre estiveram nas minhas listas de livros de maior interesse. Jornalista (e atualmente colunista do jornal Folha de São Paulo), suas obras falam de objetos da vida, como a bossa nova em “Chega de Saudade” e o samba-canção em “A Noite do Bem”. Além disso, o mineiro de Caratinga, que há muitos anos mora no Rio de Janeiro, é autor também de biografias, um dos meus estilos literários preferidos. Ruy biografou personalidades como Garrincha, Carmen Miranda e Nelson Rodrigues.

Mesmo assim, ainda não tinha lido nada do autor, até que me deparei com “Morrer de Prazer: crônicas da vida por um fio” em uma estação de VLT no Rio. O exemplar fazia parte do projeto Leitura no Vagão, que disponibiliza livros pelos transportes públicos da cidade, para que o leitor possa ler e depois devolver onde encontrou. Não perdi tempo e catei o exemplar para mim (que já já vou devolver em alguma estação de metrô por aí).

“Morrer de Prazer” fala muito sobre cinema, crônicas de rua, da época em que Ruy Castro foi jovem, entre 1960 e 1970 e é ótimo para conhecer um pouco do Rio de Janeiro da época. O livro é resultado da reunião de várias crônicas de Ruy Castro, divididas em blocos temáticos, o que me deixou confortável na leitura. São eles:

  1. Jogar-se à vida: são crônicas de uma juventude boêmia no Rio. Foi uma das minhas partes preferidas, por amar crônica de cidade e ser apaixonada (assim como o autor) pelo Rio.

  2. Neurônios demais: crônicas mais genéricas, de assuntos diversos

  3. Instrumentos de amor: fala muito de cinema e um pouco de música, assuntos nos quais Ruy demonstra domínio

  4. Prazeres na “nuvem”: benefícios e malefícios do uso da tecnologia. Daí foram feitos alguns momentos de reflexão e algumas passagens anotadas no meu caderninho

  5. Salvando as cidades: fala muito da cidade, da rua, da vida. Acredito que tenha sido a parte que eu mais gostei. Algumas crônicas desta seção eu transcrevi inteiramente para o caderninho.

  6. A língua frouxa: fala muito sobre palavras, significados, linguagens

  7. Deitar e rolar: um pouco mais sobre doenças, saúde, problemas e questões nesse sentido

  8. Apenas mais um dia: esta parte foi destinada para falar sobre o ópio e as doenças das drogas. Ele, que já foi internado por alcoolismo, fala mais sobre isso nesse momento da obra.

Talvez a minha maior questão com esta obra seja o fato de ser muito elitizada, por só falar coisas boas do Centro e da Zona Sul do Rio de Janeiro. Isto por vezes me irritou porque é um privilégio que poucos têm (como poder caminhar na orla pela manhã). Entendo que é demais mesmo e é uma delícia desfrutar este Rio, com o qual eu mesma me emociono, mas me entristece que ele não seja para todos. Ruy também usa alguns termos machistas, que não me agradam nem um pouco, mas que entendo, principalmente pela idade do autor. Ainda assim, “Morrer de Prazer: crônicas da vida por um fio”, lançado em 2013 pela Editora Foz, é um ótimo livro para os amantes do Rio de Janeiro.

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Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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