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"Entre Irmãs" e a batalha feminina no Pernambuco de 1930


Não se deixe enganar pela distância temporal ou espacial: "Entre Irmãs", de Breno Silveira, é muito mais atual e próximo de nós do que pensamos. Em muitos sentidos, aliás.

O longa é uma adaptação do livro "A Costureira e o Cangaceiro", de Frances de Pontes Peebles, uma pernambucana radicada nos EUA, e traz a história de Luzia (Nanda Costa) e Emilia (Marjorie Estiano), irmãs que vivem na pequena cidade de Taguaritinga do Norte, no Pernambuco, ao lado da Tia Sofia (Cyria Coentro), que lhes ensinou o ofício de costureira. Enquanto Emília sonha em se mudar para a cidade grande, Luzia se conforma com a realidade ao mesmo tempo em que lida com as dificuldades de ter um braço atrofiado, por ter caído de uma árvore quando criança. A vida destas três mulheres muda por completo quando o cangaceiro Carcará (Júlio Machado) cruza seu caminho, obrigando-as a costurar para o bando que lidera.

Entre Irmãs - Nanda Costa e Marjorie Estiano

No desenrolar da história a gente consegue fazer ligações até com o Rio de Janeiro atual, por exemplo. Vi semelhanças fortes entre os cangaceiros e os traficantes de hoje em dia, o porquê de terem se tornado o que são, a forma como a sociedade os avalia, etc etc. E é tão triste ver que muda o tempo, muda o lugar e tudo permaneça tão igual... Como a ideia da "frenologia", por exemplo, defendida pelo Dr. Duarte, personagem de Claudio Jaborandy. A "ciência" afirma que é possível determinar o caráter de alguém, as características da personalidade e o grau de criminalidade pela forma da cabeça. O meio não teria nada a ver com isso; é tudo genético. Salvo as devidas atualizações, quantas pessoas à sua volta não pensam atrocidades semelhantes, né?

E, sim, é desesperador ver como mulheres e gays eram tratados e toda a forma de opressão existente e saber que pouco mudou. Apesar disso, é um filme inspirador e empoderador. As guerras não são poucas, mas lutá-las é essencial. Só assim se chega em algum lugar.

As quase três horas de filme são um tanto quanto desnecessárias, mas passaram pra mim um pouco mais rápido porque eu estava muito envolvida em lágrimas rsrsrs Porém, é um fato: o filme se prolonga além do necessário e por várias vezes eu pensei que havia acabado (e teria acabado bem), mas ainda tinha mais uma "raspa no tacho". Mas é uma construção que, certamente, funcionará bem como minissérie da Globo, adaptação com grande probabilidade de acontecer.

"Entre Irmãs" chega nesta quinta-feira (12) aos cinemas de todo o Brasil e está competindo na mostra Première Brasil: Hors Concours longa ficção no Festival do Rio de 2017.

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Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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