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"Deserto" e as atrocidades da xenofobia extrema


Sabemos que a xenofobia tem se mostrado um grande - e retrógrado - problema em países desenvolvidos. Nos EUA, a ascensão de Donald Trump pode nos conduzir a caminhos perigosos. "Deserto", longa de Jonas Cuarón que estreia na próxima quinta-feira (2 de novembro), traz a história de Moises (Gael García Bernal), que está viajando com um grupo de pessoas que tenta atravessar pela fronteira do México com os Estados Unidos, buscando uma nova vida no norte. No caminho, eles se deparam com um homem solitário e absolutamente racista, Sam (Jeffrey Dean Morgan), que decide fazer com as próprias mãos o que acredita ser o papel da patrulha da fronteira. Em bom português: ele sai atirando em todo mundo. E todos terão de achar um jeito de sobreviver nessa paisagem brutal antes do deserto consumi-los.

Aqui, o americano é o grande vilão, é aquele que toma atitudes brutais e aparentemente sem sentido em busca da "proteção" de seu país contra os invasores. Sam é dono de um discurso perigosamente real, com frases como "É a minha casa!". A ideia de justiça com as próprias mãos é assustadora, e a paisagem inóspita do deserto só deixa tudo ainda mais desesperador. Sam, aliás, é um personagem inspirado numa milícia real chamada Minutemen Project.

Este é um filme de certa forma minimalista, porém definitivamente de ação. Ele prende a gente do começo ao fim, mas também é cheio de mentiras: é tiro que pega em todo mundo mas não acerta o mocinho, são umas fugas que nunca dariam certo na vida real... Mas, no contexto, de certa forma, funciona. Principalmente por conta das incríveis atuações.

E a gente se emociona com tudo que os imigrantes ilegais passam para chegar aos EUA (e a história tem se repetido em tantas partes do mundo) em busca de algo melhor do que o que tinham em seu país de origem. Tantos perigos são apenas o início de uma vida provavelmente bem complicada na nova nação. Mas a esperança é o que os guia.

OBS: é possível reparar referências para os nomes dos personagens. Moises, por exemplo, pode ter relação com o Moisés bíblico, que atravessa o deserto em busca da Terra Prometida. Já Sam é, por que não, uma analogia ao Tio Sam, a verdadeira personificação dos EUA.


Para wix.jpg

Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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