"Fala Sério, Mãe!" e a certeza de que mãe só muda de endereço mesmo

Umas são mais descoladas, outras mais quietinhas. Umas mais novas, outras mais velhas. Umas amigonas, outras mais controladoras. Mas... a verdade é que, no fim das contas, mãe é tudo igual! E esse é o maior motivo pra "Fala Sério, Mãe!" funcionar bem pra praticamente todas as famílias. É daqueles filmes pra filha assistir com a mãe no cinema, bem juntinho, pra rir e chorar mesmo.
O longa conta a história de Ângela Cristina (Ingrid Guimarães), mãe da adolescente Maria de Lourdes (Larissa Manoela), que está tendo a experiência de guiar sua filha durante uma das fases mais complicadas da vida. Ela vive uma montanha-russa de emoções, com medos, frustrações e um caminhão de queixas para descarregar. Por outro lado, Malu, como prefere ser chamada, também tem suas insatisfações. Ela é teimosa e sofre com os cuidados excessivos e com o jeito da mãe.
"Fala Sério, Mãe!" vai da gravidez de Ângela até a idade adulta recém-atingida por Malu. E, principalmente se você foi filha mulher e teve a mãe presente, é impossível não se identificar com muitos daqueles momentos. Aliás, em vários deles eu me vi na mãe (mesmo ainda não sendo) e percebi que, não tem jeito, repetirei o ciclo e vou fazer meus filhos passarem por muitas vergonhas porque isso faz parte do pacote hahahha

A estrela deste filme, DEFINITIVAMENTE, é Ingrid Guimarães (com destaque também para a pequena Duda Batista, que faz Malu dos 3 aos 5 anos. QUE MARAVILHOSA). Ingrid transita entre riso e emoção de maneira bem fluida, seguindo o ritmo da vida mesmo. Tanto que a história perde um tanto da magia quando Larissa Manoela assume a narrativa. Nunca tinha visto a menina de ouro do SBT atuando, mas achei meio sem sal. Mas há de se reconhecer que Larissa é responsável por um período longo da vida de Malu (dos 13 aos 20 e poucos anos). A própria atriz tinha quase 16 anos no período das filmagens. Se, na vida real, os altos e baixos já são muitos nesta fase da vida, compreensível que eles também existam na atuação. A atriz ainda precisa se aprimorar pra sair da zona de conforto com mais qualidade, mas só de topar o desafio, já mandou bem!
"Fala Sério, Mãe" atinge principalmente mães e filhas de uma maneira engraçada, linda e tocante. Não tem reviravoltas ou grandes polêmicas. É apenas a vida comum de muitas de nós, com momentos felizes, bobos, tristes... É pra rir muito e chorar um outro tanto.
Antes de terminar, preciso aplaudir de pé a maravilhosa Thalita Rebouças. Com pouco mais de 40 anos, ela já escreveu um tantão de livros para adolescentes, tendo vendido em torno de 1,5 milhão de exemplares, o que a faz a escritora brasileira que mais vende neste segmento no país, responsável mesmo pela criação do hábito da leitura em diversos jovens em uma fase tão complicada (e com a concorrência absurda dos smartphones e do YouTube). "Fala Sério, Mãe!" é a segunda adaptação de um livro seu aos cinemas. Antes, já tivemos "É Fada", com Kéfera e Klara Castanho, baseado em "Uma Fada Veio me Visitar".
Em nossas vidas, somos filhas e mães de nossas mães. Chega um momento em que os papeis se misturam mesmo... Mas o amor e a confiança fazem com que tudo siga bem, em meio a alegrias e tristezas. E certamente, pelo menos por aqui, tudo vai se repetir na próxima geração.