“De carona para o amor”, (tentativa de) comédia francesa

Estreou na última quinta-feira (02), “De carona para o amor”, uma comédia francesa. Neste longa, Jocelyn é um coroa pegador que se passa por deficiente para conquistar uma mulher.
Jocelyn é diretor europeu da iRun, justamente de uma marca de tênis esportivos. Se passando por deficiente físico, ele tenta conquistar uma mulher mais jovem, mas ao conhecer a família dela, descobre que sua irmã, Florence, é de fato deficiente e aí é que o problema só piora. Jocelyn acaba se apaixonando por Florence e, cada vez mais envolvido na mentira, se torna difícil conseguir sair.
O maior problema do longa é que Jocelyn, além de muito mentiroso, é muito é machista. O roteiro tenta ser engraçado nesse início para explicar o personagem, mas chega a ser irritante. O que era para ser engraçado só me deu raiva (até por ser um coroa que só se interessa por garotas mais novas) e mudou o meu olhar para todo o resto do filme. Isso fez com que eu não sentisse nenhuma graça das gracinhas de Jocelyn. Além de ser um filme em sua maior parte voltado para os sentimentos do cara e com pouco espaço para os sentimentos de Florence, resumidos a apenas algumas poucas cenas.
Outra grande falha que encontrei é que, para tentar ser engraçado, ele não sabe pronunciar algumas palavras em inglês. Acredito ser pouco provável o representante na Europa de uma grande marca internacional não saber falar inglês fluentemente. Na tentativa de ser engraçado, o roteiro comete uma falha.
Além disso, o final é o mais clichê impossível, e, apesar de fazer sentido com o título escolhido em português, não sei se funciona. Para conseguir construir um final com uma reviravolta do personagem, a construção dele anteriormente foi pesada demais, o que tirou a graça do filme que se tenta de comédia.

A direção é de Franck Dubosc, que também interpreta o papel principal. Seu primeiro trabalho como diretor teve uma motivação pessoal. “Minha motivação foi duplamente pessoal: um dia, por causa da idade e porque ela não conseguia mais se mover, minha mãe começou a usar uma cadeira de rodas. A cadeira, símbolo da deficiência, se tornou uma solução porque, afinal, ela poderia se mover, sair de casa de novo. Mas ela protestou: ‘não vou poder fazer as compras de Natal porque não posso subir as escadas’. O que parecia ser uma oportunidade se transformou em obstáculo. Por outro lado, eu sempre quis contar uma história de amor fundada numa diferença, não cultural ou social, e sim física. É uma pergunta que sempre fiz a mim mesmo: e se eu me apaixonasse por uma pessoa deficiente? Seria uma visão do futuro certamente um pouco complicada. O amor seria mais forte que a razão? Acredito que sim, e por isso quis fazer este filme”, explica o diretor e protagonista.
Outra preocupação de Franck foi como tratar a deficiência com humor. “Quando encontramos alguém deficiente, no início prestamos bastante atenção a cada palavra que dizemos, mas quando a relação se aprofunda, não se presta mais atenção. Senão isso significaria não aceitar a diferença, colocar o outro à distância. Além disso, minha intenção nunca foi de debochar. Espero que as pessoas percebam isso”, completa.