O sórdido e repulsivo “O Animal Cordial”, thriller de suspense com Murilo Benício e Camila Morgado
Depois de um assalto ao restaurante La Barca, Inácio (Murilo Benício), o gerente insatisfeito com seu trabalho e sua equipe, resolve ser "justiceiro" e dar uma lição nos jovens assaltantes, cometendo crimes ainda mais bárbaros. Além dos criminosos Magno (Humberto Carrão) e Nuno (Ariclenes Barroso) , ficam presos no recinto o cozinheiro Djair (Irandhir Santos), para mim o melhor personagem de toda a trama, a garçonete Sara (Luciana Paes), o policial aposentado Amadeu (Ernani Moraes) e o casal Bruno (Jiddú Pinheiro) e Verônica (Camila Morgado).
“O Animal Cordial” é, no mínimo, estranho e por diversas vezes ao longo do filme me causou nojo e medo. Inácio mata pessoas e os assiste morrer sem remorso algum. Além disso, o relacionamento que Sara constrói com Inácio no longa é doentio e assustador. Há uma cena bizarra de sexo com muito sangue e suor, que tem lá seu grau de interessante e até de belo, esteticamente falando.
A cena que mais me marcou foi, sem dúvida, no momento do assalto, o ponto de reviravolta do filme, quando Verônica passa, além do trauma de estar sendo assaltada, pelo crime de ser abusada pelos assaltantes, que chegam a rasgar sua roupa. Camila Morgado está absolutamente excelente, mais uma vez, provando seu talento.
Apesar de uma trama fraca, o roteiro é, no mínimo, surpreendente. Ainda não estamos acostumados com os filmes de terror brasileiros, mas este, com toques de brasilidade como a questão da violência urbana, a diferença de classes, a questão de gênero, nas personagens de Verônica e Sara, desenvolvidas de formas diferente, e mais uma série de assuntos colocados de forma discreta pela diretora Gabriela Amaral Almeida (a primeira mulher brasileira a fazer um filme de terror) é uma porta de entrada para o gênero. “O Animal Cordial” é sórdido e repulsivo, como pode ser o homem.