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"O Paciente - O Caso Tancredo Neves" retrata os últimos dias do presidente que nunca assu


Pôster O Paciente

Na semana seguinte em que o Museu Nacional foi destruído por um incêndio fruto de negligência política e um candidato a presidência sofreu um ataque a facada durante uma atividade de campanha, estreará “O Paciente - O Caso Tancredo Neves”, inspirado no livro de Luís Mir, mais um filme que funciona como documento histórico de um importante episódio de nossa história.

Este longa mostra em detalhes os problemas de saúde ocorridos com o primeiro presidente civil eleito (de forma indireta) após da ditadura militar. Othon Bastos está no papel principal e há uma narração de Silvio Guindane, com algumas informações iniciais. No elenco, está ainda Emilio Dantas, no papel de Antônio Britto, o assessor de imprensa de Tancredo.

A posse de Tancredo Neves ia ser em março e, alguns dias antes, ele foi constatado com uma grave doença, mas não quis fazer a cirurgia antes da posse, por acreditar que precisava estar em plenas condições para assumir a presidência, porque era essencial para a estabilidade do Brasil, que estava recém-saído de uma trágica ditadura militar. O filme mostra como Tancredo acreditava que Figueiredo não ia dar a posse para Sarney, seu vice, porque ele era do Arena e era, assim, considerado um traidor. Tancredo tinha medo de um golpe de estado ser mantido.

Entretanto, com sua idade avançada e seu quadro piorando a cada hora, Tancredo cedeu a pressão dos médicos para ser operado em regime de urgência. Mas toda a operação médica foi uma série de tragédias. A família queria que ele fosse imediatamente levado para São Paulo, onde havia os melhores hospitais, mas o médico convenceu que era muito urgente e ele tinha que ficar em Brasília. Os médicos erraram o diagnóstico duas vezes: primeiro, acreditou-se que era apendicite; depois, divertículo; e, por fim, era na verdade um tumor.

Além de todos os desencontros médicos, outro grave problema marcou essa saga: não havia coordenação entre a equipe médica e a equipe de comunicação de Tancredo, então muitas informações foram vazadas. Quando Tancredo Neves foi internado de emergência, a operação deveria ser sigilosa, mas a informação vazou e o hospital ficou cheio, tanto de imprensa como de parlamentares.

Foi tanta falta de organização que poderia ter ficado impressionada ou até mesmo achado graça, mas nós sabemos como tudo acontece por aqui no Brasil hoje em dia, imagina como não seria na década de 80. A simples logística de levar Tancredo do quarto para o centro cirúrgico se tornou um evento, porque o hospital já estava lotado de imprensa, políticos e curiosos. Um verdadeiro caos. Outra enorme dificuldade enfrentada pela equipe médica foi conseguir separar o paciente do presidente. Além disso, os egos inflamados dos profissionais da junta médica selecionada acabaram por não colaborar para a saúde de Tancredo.

Othon Bastos em cena de "O Paciente"

É possível fazer um paralelo com a internação de Jair Bolsonaro ontem, em que a imprensa fez uma cobertura ativa e imediata. Se naquela época o que havia era o desencontro de informações, que eram transmitidas pela televisão, hoje as redes sociais fazem esse papel com uma disseminação de uma série de fake news e opiniões controversas sobre o fato, que muitas vezes não colabora para o debate político.

Aécio Neves é retratado quando ainda jovem como assessor do avô. Sua mãe aparece poucas vezes e é colocada como uma mulher fraca e fútil, a todo tempo chorando e preocupada com as roupas. Por outro lado, Risoleta Neves, representada por Esther Góes, é mostrada como uma mulher forte, que aguentou tudo o tempo todo ao lado de Tancredo, sem demonstrar tristeza ou fraqueza em nenhum momento. O próprio Othon Bastos se sai excelente neste papel, brilhante e comovente.

"O Paciente - O Caso Tancredo Neves" é um filme médico e jornalístico. Gosto do recurso que o diretor Sergio Rezende usa de mesclar com imagens jornalísticas reais da época. O diretor tenta emocionar no final, mas ao dar as informações de que Sarney governou por cinco anos e o primeiro candidato eleito de forma direta depois da ditadura foi Collor, o que sentimos é só raiva. "O Paciente - O Caso Tancredo Neves" estreia no próximo dia 13 de setembro.

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Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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