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A série documental “Vai, Anitta” acompanha a cantora nos bastidores do projeto “Checkmate”


Cartaz de "Vai Anitta"

A estreia da semana na Netflix, que já está dando o que falar, é a série documental “Vai, Anitta”, que acompanha a cantora por quase um ano, desde o fim do ano passado até setembro de 2018. Mostrando um pouco da sua infância e início da carreira na Furacão 2000, o foco da série é mostrar os bastidores do projeto “Checkmate” e o alavanque da cantora para a carreira internacional, com ajuda de artistas como J Balvin, Poo Bear, Alesso e Rita Ora.

É muito interessante como são mostrados os bastidores das gravações dos clipes “Will I See You”, “Is That For Me”, “Downtown” e “Vai Malandra”, que compõem o projeto “Checkmate” lançado pela cantora no ano passado. Vemos ainda algumas de suas viagens internacionais, a rotina de cantora com amigos e colegas de trabalho, algumas entrevistas a mídias internacionais, participações em eventos e shows e busca por parceiros.

Para contrapor à rotina exaustiva, a série ainda mostra várias brincadeiras e pegadinhas que Anitta faz com os amigos, além de cenas em que ela conta situações engraçadas da sua vida, como umas férias frustradas com o marido, e ainda o fato de ter vomitado em seu ex-marido, ainda no primeiro dia de namoro.

As cenas de depoimento da família e alguns amigos são constrangedoras. Bem dentro da caixinha, com muito pouca espontaneidade e demonstração de sinceridade, se mostrou uma tentativa um pouco forçada de fazer o mundo conhecer Anitta fora do trabalho. A sensação que passa é que, desde que sua carreira foi alavancada a nível nacional, com seu primeiro sucesso, “Show das Poderosas”, em 2013, a vida da cantora é 100% voltada para o trabalho. Empresária de si mesma, pouco tempo sobra para curtir os seus vinte e poucos anos.

Anitta é uma figura que ultimamente tem causado em mim sentimentos muito controversos. Conheço ela desde 2012 e já amava desde então por representar uma mulher do bairro vizinho ao meu, fazendo um trabalho de funk, claramente acima da média, quando assisti “Meiga e Abusada”. No ano seguinte, eu já era fã, fui a vários shows, decorei músicas e coreografias. Mas o tempo foi passando e o meu nível de problematização aumentando, assim como o comportamento dela também passando por grandes problemas.

Em 2012, a bonita participou da campanha de Eduardo Paes para a prefeitura do Rio. No ano seguinte, fez uma brincadeira de muito mau gosto chamando seu público de pobre. Um ano mais tarde, questionou o movimento feminista no programa Altas Horas. Polêmicas e anos mais tarde, não se pronunciou sobre o assassinato da Marielle, não se posicionou imediatamente contra Bolsonaro… Entendo perfeitamente que os artistas não são todos obrigados a se posicionar em questões que não fazem referência direta ao seu trabalho, mas o caso da Anitta é peculiar. Ela é uma menina que veio da periferia e do funk e afirma ter sofrido muito preconceito por isso. Além disso, tem um público LGBTI enorme e vive levantando essa lebre, se sentindo a rainha das gay. Por isso, a cobrança que se posicione contra casos de preconceitos de qualquer forma é forte em cima de Anitta: porque ela ganha e se vende em cima disso.

A série “Vai Anitta” causou novamente algumas dessas sensações em mim. Em algumas declarações a vontade era de dar na cara dela de tão sonsa que se mostrou. Por outro lado, isso é minimizado pelo nível do esforço e do trabalho de qualidade entregado por uma garota ainda tão nova. Como público, devo admitir que ainda me surpreendo com as novidades e nível de qualidade de seus produtos.

A cantora havia anunciado que revelaria nesta série porque se separou de Thiago. A série não mostra de fato o que aconteceu entre os dois, não são revelados detalhes. Mas, para bom entendedor, pingo é letra. Já nos últimos episódios, acompanhamos uma loucura da cantora, que decide gravar o clipe de “Indecente” ao vivo, dentro de sua casa, durante sua festa de aniversário, em março deste ano.

Essa proeza demandou muito da cantora, que é extremamente exigente e perfeccionista com tudo. Mas, tava na cara que esse projeto tinha tudo para dar errado. Não deu, o clipe saiu e foi até bom, mas muito aquém de todo o trabalho que Anitta vinha desenvolvendo até ali. Vários pequenos problemas e desencontros de sua equipe a deixaram louca e não é mostrado, mas dá a entender que ela deu uma surtada. Nesta parte da série, Thiago aparece relatando o ponto de vista dele deste dia e ele pareceu extremamente incomodado não só com esse, mas com vários outros aspectos inevitáveis de namorar Anitta, como a perda da sua privacidade. Depois, Thiago não aparece mais.

As cenas seguintes, já no último episódio mostram a gravação do clipe “Perdendo a mão”, com participação de Jojo Toddynho, que gravou em Honório Gurgel com seus amigos, mais de cinco meses depois de “Indecente”. Esta letra fala um pouco sobre como um namorado queria prender uma mulher, queria prendê-la, controlar as roupas e as amigas. O que disso tudo pode ser encaixado em Thiago não se sabe, mas dá para se tirar algumas conclusões.

Eu imagino que deva ser muito difícil conviver com ela e trabalhar em sua equipe. Mas é inegável que os produtos que ela oferece são sempre de excelente qualidade, até mesmo a série “Vai Anitta” é bem produzida. Anitta alcançou patamares nunca antes atingidos por cantores brasileiros e para isso foi necessário todo o esforço dela, não dá para negar. Porém, é importante sempre frisar como não chegamos a lugar nenhum sozinho, ou sem uma pitadinha de “o lugar certo na hora certa” que seja, por mais que seja feito todo o esforço do mundo. A série comenta um pouco isso, com longos agradecimentos da cantora àqueles que a ajudaram, mas esse claramente não é um dos pontos principais. O ponto principal aqui é: enaltecer e divulgar Anitta. Justo.


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Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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