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Torturas e mortes sem resposta: "Pastor Claudio" mostra detalhes da ditadura (e dos dias a


A ditadura é um fantasma que nos assombra até hoje. São muitos acontecimentos sem resposta, mortos que não tiveram seus corpos encontrados e pessoas que tem a coragem de negar todo o ocorrido. A estrutura de poder pode ter perdido o aparado do Estado, mas sua forma de atuação e força segue existindo, com o único objetivo de manter a "segurança". Antes, o perigo eram os "malditos comunistas terroristas", agora é o negro e pobre, considerado o verdadeiro "bandido" da atualidade.

Estas são apenas algumas informações do documentário "Pastor Claudio". O longa é uma entrevista concedida por Claudio Guerra, ex-delegado responsável por assassinar e incinerar opositores à Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), ao psicólogo e ativista dos Direitos Humanos Eduardo Passos, que trabalha no atendimento a vítimas da violência do Estado. Ao longo de pouco mais de uma hora, acompanhamos a frieza com que são narradas mortes e desaparecimentos de corpos, o que Claudio chama de "clandestinidade institucionalizada". Todos do governo tinham conhecimento dos acontecimentos, mas realizavam os crimes na calada da noite, para que houvesse o mínimo de provas possíveis. Muitos assassinatos só foram elucidados décadas depois e até hoje diversos acontecimentos seguem sem resposta. O que leva muitos a acreditarem no discurso de que tortura não existiu. Ledo engano. Não só existiu como ainda existe, respaldada pelas mesmas estruturas de poder de décadas atrás.

O agora Pastor Claudio Guerra afirma que decidiu contar sua história - tem inclusive um livro lançado - porque se vê como um novo homem, com uma vida dedicada à igreja e a Deus. Ao acessar suas memórias dos anos 1970, ele afirma que, a cada crime cometido pelo Estado, havia quem efetuava a ação e quem plantava notícias com outras versões, como troca de tiros e autos de resistência (qualquer semelhança com os dias atuais não é mera coincidência, acredite). Tudo era financiado pelas elites do país, os donos do dinheiro, com banqueiros, donos de terra, etc. Sim, na ditadura havia muita falsificação de documentos e muito dinheiro sujo.

O Estado, então governado pela extrema-direita, praticava atentatos terroristas com o grande objetivo de culpar a esquerda (para colocar a opinião pública contra este "mal que precisava ser exterminado"). E talvez o mais impactante tenha sido ouvir claramente que o fim da ditadura não significou o fim destas estruturas de poder. As práticas de tortura, por exemplo, seguem existindo em presídios, quarteis, delegacias... Apenas mudou-se o "inimigo". Tudo segue sendo financiado pelas mesmas elites que inventam rivais com o objetivo principal de se manterem no poder. A única vez em que foram minimamente investigadas foi quando um governo de esquerda assumiu o governo institucionalizado. E sabemos os caminhos que esta história seguiu.

O longa venceu o prêmio de melhor filme no Festival de Vitória 2018 e participou do Festival Internacional de Cinema Documental (Equador, 2018), Festival Kinoarte de Cinema 2018, da mostra Brasil em Movimento (França, 2018), Festival Internacional de Mulheres no Cinema - FimCine 2018, Festival do Rio 2017, Festival de Havana 2017, Festival Internacional de Filme Documentário do Uruguai - Atlantidoc 2017, Forum Doc BH 2017 e do Festival Internacional Pachamama (Acre, 2017).


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Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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