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A crucial e urgente “Aruanas”, série original Globoplay


"Aruanas"

Prepare-se para passar muita raiva com a nova série original Globoplay. Por ter um embasamento real tão forte, “Aruanas”, estrelada por Leandra Leal, Taís Araújo e Débora Falabella nos lembra o quão cruel é realidade no Brasil e nos insere neste debate tão urgente, que é a causa ambiental.

O enredo conta o dia a dia de uma ONG ambientalista que dá título à série durante uma ação contra uma mineradora que desmata florestas e mata indígenas em uma área na Amazônia. As três atrizes principais representam respectivamente Luiza, Verônica e Natalie, ativista, advogada e jornalista, que criaram a Aruana e a tornaram uma ONG organizada e influente.

Esta temporada foca apenas em uma (longa) ação contra a KM, uma mineradora cuja ação está causando graves impactos ambientais na região da cidade fictícia de Cari, no Amazonas. A treta é grande e envolve polícia, políticos, lobistas, empresários, fazendeiros... A exploração da empresa, além de destruir grandes áreas de floresta, também está contaminando as águas dos rios, o que deixam doentes, tanto os trabalhadores da empresa, quanto os moradores da região e os indígenas que moram na área, antes reserva ambiental protegida por lei. Para que o garimpo ali se erga, muitos índios são massacrados. São índios quase isolados e ninguém investiga, não se fala no assunto. Além disso tudo, nessa área também há a exploração sexual infantil.

A ONG transfere sua sede de São Paulo para Cari para se aprofundar ainda mais no caso e proteger as ativistas. A KM emprega milhares de pessoas e garante a renda de outras tantas indiretamente. A Aruana precisa garantir a narrativa e conquistar a confiança das pessoas de que estão acontecendo crimes ambientais e isso é grave e ruim para todos. Miguel Kiriakos (Luiz Carlos Vasconcelos), o dono da KM, é um avô carinhoso com a neta deficiente ao mesmo tempo em que explora as terras e massacra os indígenas. O que mostra que ser “família” não tem a ver com ser uma pessoa boa e defender boas causas. As personagens principais também não são por completo boazinhas e têm importantes conflitos pessoais.

Uma crítica que tenho está o fato de todas as três protagonistas e a personagem Clara (Thainá Duarte), estagiária que entra na equipe e participa ativamente das ações, terem seus problemas pessoais e familiares, o que é um pouco de clichê nessas produções que mostram mulheres fortes. É inegável a importância de ter estas mulheres com poder e cargos de decisão, mas me incomoda a insistência em algumas questões, como se para ter sucesso no trabalho ou no ideal, a mulher necessariamente tem que ter alguma frustração pessoal. Mas também é o que humaniza um pouco mais a série, levando a carga de dramaticidade essencial para torná-la menos didática.

“Aruanas” foi produzida por Marcos Nisti e Estela Renner, documentarista que propôs contar essa história em forma de drama para chamar atenção e denunciar essa causa que está de fato acontecendo nessa região do país esquecida e abandonada. A série foi concebida há alguns anos, mas não podia ser mais atual e importante, em tempos que a Amazônia e seus protetores seguem cada vez mais perseguidos.

Também no Globoplay tem disponível uma emocionante (ainda que relativamente curta) entrevista com as atrizes principais e com Claudelice Santos, uma ativista da causa ambiental no Pará. Elas contam um pouco da produção e dos bastidores.

Com direção artística de Carlos Manga Jr., as imagens da floresta na série são lindas e impactantes, com todas as belezas dos rios e florestas em contraste com o desmatamento e a destruição. Ao final, há um emocionante clima de vitória, mas uma última cena dá toda pinta de que terá uma nova temporada, que eu já torço que não demore a estrear.


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Manu Mayrink é fanática por livros, filmes, séries, música e lugares novos.  A internet é seu maior vício (ao lado de banana e chocolate, claro) e o "Alguém Viu Meus Óculos?" é seu xodó. Ela ama falar (muito) e contar pra todo mundo o que anda fazendo (taurina com ascendente em gêmeos, imagine a confusão!). Já morou em cidade pequena e em cidade grande, já conheceu gente muito famosa e outras não tanto assim (mas sempre com boas histórias). Já passou por alguns lugares incríveis, mas quando o dinheiro aperta ela viaja mesmo é na própria cabeça. Às vezes mais do que deveria, aliás.

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