O romance indiano "Retrato do amor"
No próximo dia 08 de agosto estreia “Retrato do amor”, filme indiano dirigido por Ritesh Batra. No enredo, Rafi (Nawazuddin Siddiqui) trabalha como fotógrafo em pontos turísticos em Mumbai e vive uma vida simples, sem nenhum luxo, para mandar o dinheiro para a família, que vive no interior. Rafi mora em uma espécie república com outros homens, colegas que vivem em situação similar, em condições insalubres. A avó de Rafi insiste que ele se case, mesmo que ele não queira, e o ameaça parando de tomar seus remédios.
Para acalmar a insistente (porém sábia) avó, Rafi conta uma mentira, inventando uma namorada que na verdade se trata de uma menina que havia fotografado no portão da cidade. Mas, quando a avó vai visitá-lo, ele procura Miloni (Sanya Malhotra), que aceita entrar na farsa de Rafi. Os dois então começam então a se conhecer melhor e um clima romântico, porém discreto e sensível se instala.
Miloni é uma jovem de classe média, que tem acesso a estudos e até uma empregada em casa, porém, tem algo em comum com Rafi: os pais dela também começam a insistir que ela case e forjam encontros com o filho de um amigo da família. Como os costumes na Índia são bem diferentes que os nossos, é difícil compreender exatamente em que espectro social se encontram, mas é claro o abismo social entre os dois e como isso influencia nas relações. Me parece um bom retrato da Índia contemporânea, que, mesmo com as diferenças culturais, não está assim tão distante da nossa realidade.
Rafi é um homem silencioso e não expõe muito seus sentimentos. O filme todo em geral tem bastante silêncios, e busca entregar seu ponto muito pelos olhares e gestos. O título em português é bobo e não representa de fato o filme. O original, “Photograph”, me parece mais simples e significativo para este longa delicado e sensível, que tem ainda ótimas atuações. A narrativa é quase irreal em alguns aspectos, mas bruto como a realidade em outros. Eu ainda não sou acostumada com o cinema indiano, mas acredito que é uma tendência que cresce e que teremos que nos acostumar com esse modo diferente do americano e brasileiro, que é o que conhecemos mais. Assista ao trailer: